1º Festival de Cinema Etnográfico de Belmonte

A autarquia de Belmonte vai realizar o 1º Festival de Cinema Etnográfico de Belmonte, de 7 a 11 de Abril em colaboração com a UBI (Universidade da Beira Interior), e com o apoio da Apordoc e da RTP como parceiro media.
 
Este evento é atualmente o único festival de cinema etnográfico em Portugal. O formato desta primeira edição, é a de uma mostra não competitiva e construiu-se a partir de uma seleção de filmes sugeridos por amigos, professores de escolas de cinema, colaboradores e programadores de outros festivais.
 
Com a ideia de anualmente termos um convidado oficial, decidimos que para o arranque da edição de 2015, a Galiza pela sua riqueza etnográfica tão próxima da nossa e também pelo facto de possuir atualmente, uma frente de jovens cineastas promissores, do que já é considerado o novo cinema galego, considerámos um bom motivo para este convite.
 
Nesta perspetiva, contámos com a colaboração José Manuel Sande Garcia programador da filmoteca da Galiza, que prontamente nos sugeriu um conjunto de filmes, alguns deles com prémios e menções em diversos festivais pelo mundo fora como o festival de Cannes, o festival de Locarno na Suíça ou o Viennal na Austria, entre outros, como o Doc Lisboa.
 
Em homenagem ao cinema espanhol de outras gerações (anos trinta e quarenta) vamos ter dois filmes históricos: Galicia (1941) de Carlos Velo (uma autêntica sinfonia do trabalho agrícola na sua terra natal, Cartelle – Orense) e o Carro e o Home (1936) de Antonio Román, referenciado na altura por Luis Buñuel. Estes filmes simpaticamente cedidos pelo Centro Galego de Artes da Imagem – Museu do Povo da Coruña. Fazendo a ponte para a programação portuguesa, poderemos aqui referenciar um ciclo dedicado a Michel Giacometti, figura incontornável da nossa etnologia, com os filmes realizados por Alfredo Topa no início dos anos setenta, sobre as incursões por Michel Giacometti a várias regiões do nosso país com o objetivo de recolher como se sabe, a musica e a cultura tradicional portuguesa.
 
Quanto às produções destes uiltimos anos, temos em cartaz trabalhos de João Botelho, com o excelente filme, “Anquanto la lhéngua fur cantada” dedicado ao mirandês e à musica tradicional de Miranda do Douro, Gonçalo Tocha, com o documentário "A mãe e o mar", que evoca as mulheres pescadeiras de Vila Chã, Sérgio Trefaut, Cláudia Alves, com um filme muito interessante sobre o encontro da realizadora com vestígios da cultura portuguesa na India, Catarina Alves Costa, com dois documetarios sobre a notável artesã Teresa Frade, produtora de linho na região de Castelo Branco, Sílvia Firmino, Laura Gonçalves (natural de Belmonte), uma jovem cineasta nos domínios do cinema de animação, premiada em diversos festivais internacionais de curtas metragens, Tânia Duarte e Ícaro, uma dupla que tem desenvolvido um trabalho notável junto das comunidades escolares, realizando workshops sobre cinema de animação, entre outros.
 
Para além das projeções, temos um conjunto de eventos paralelos, nomeadamente exposições, destacando duas delas pela sua importância de conteúdos, a exposição 80 Anos 80 Imagens sobre Michel Giacometti no Museu dos Lanifícios – Covilhã e Para uma Memória de Michel Giacometti no Ecomuseu em Belmonte. 

É de referenciar ainda, um conjunto de conferências, que irão decorrer em Belmonte e na UBI, com enfoque para o tema sobre “O Novo Cinema Galego” por José Manuel Sande Garcia, a “Tradição Musical Portuguesa” pelo etnomusicólogo José Alberto Sardinha e ainda “Povo que canta, ou para que serve uma série nas vésperas de 1974” por Paulo Lima, para além de debates com realizadores, programadores de festivais e professores de escolas de cinema. 

Outros eventos : Workshops sobre cinema de animação com alunos das escolas locais e música tradicional Portuguesa