Vila tão antiga como Portugal.
Desde 1500 e tão famosa no Brasil como em Portugal
A vila de Belmonte teve foral em 1199 e está situada no panorâmico Monte da Esperança (antigos Montes Crestados), em cujo morro mais rochoso foi construído nos finais do séc. XII o seu castelo que juntamente com os castelos de Sortelha e Vila de Touro, formaram até à assinatura do Tratado de Alcanices (1297), a linha defensiva do Alto Côa, apoiada na retaguarda pela muralha natural da Serra da Estrela e pelo Vale do Zêzere.
Por ser tempo de guerras contra leoneses e castelhanos, o castelo de Belmonte foi sendo melhorado nos reinados de D. Afonso III, D. Dinis e D. João I.
A bravura e a lealdade da família dos Cabrais, foi sempre lendária e temida, sobretudo a do seu primeiro Alcaide-mor – Fernão Cabral, que uma vez nomeado a título definitivo e hereditário, em 1466 por D. Afonso V, transformará o castelo numa Residência Senhorial Fortificada, onde seu filho Pedro Álvares Cabral viverá os seus primeiros anos de vida.
No séc. XIII atesta-se a existência de uma já próspera comunidade Judaica, responsável pela existência de uma sinagoga de que resta uma inscrição datada de 1296, que provavelmente viveria numa judiaria localizada no actual bairro de Marrocos. Em consequência da expulsão dos judeus de Espanha em 1492, pelos Reis Católicos é provável que esta comunidade tenha aumentado, até que em 1496, D. Manuel I decreta a conversão forçada ao catolicismo, seguindo-se uma série de perseguições e a criação de uma comunidade cripto-judaica que sobreviveu ao longo dos séculos, mantendo os seus rituais e tradições. É ainda o mesmo monarca que em 1510 renova o foral de Belmonte.
Em 1989 foi oficialmente criada a comunidade judaica de Belmonte, cuja sinagoga foi inaugurada em 1997, actualmente é uma das poucas comunidades com Rabi.
Uma viagem à volta do Monte da Esperança
Dos panoramas do Vale do Zêzere aos encantos e mistérios da Torre de Centum Cellas, cruzando pontes, aldeias com belos solares e histórias de minas antigas.
Para fazer o passeio a pé ao longo do centro histórico da Vila de Belmonte que lhe propomos na página anterior e realizar esta viagem à volta do Monte da Esperança, reserve uma estadia de pelo menos dois dias numa das unidades hoteleiras de Belmonte.
Antes de deixar Belmonte pare junto à Câmara Municipal para admirar o magnífico vale do Rio Zêzere, com o seu leito largo e arenoso, rodeado de amieiros, campos verdes e frondosos pomares de macieiras e pessegueiros.
Saindo de Belmonte pela EN 345, desça até ao cruzamento com a EN 18 e vire à direita para Norte, seguindo a estrada ao longo da Ribeira de Gaia, afluente do Zêzere, cuja riqueza em estanho dos seus aluviões de cassiterite foi explorada pelos romanos, ou mesmo antes, e mais recentemente pelos americanos, entre 1910 e 1940. Cerca de mil metros adiante, vire à direita para Colmeal da Torre, onde à entrada da povoação, se situa a Estação Arqueológica Romana de Centum Cellas, antiga villa romana do século I d.C., ligada à exploração agrícola e mineira da região. Além da altiva e fabulosa construção denominada Torre que se conserva, constituída por enormes silhares graníticos, propositadamente feitos para encaixarem uns nos outros, as escavações em curso puseram à vista a planta do resto do edifício e as suas diferentes fases de construção. Se entretanto estiver na hora do almoço não deixe de provar as trutas, o arroz de lebre no pote de ferro, a caldeirada de cabrito ou o cabrito assado, seguido das tradicionais papas de carolo.
Do Colmeal siga para Maçaínhas, uma típica aldeia rural em perfeita harmonia com a paisagem natural em que se implanta. De Maçaínhas tome a direcção das Olas, antiga aldeia medieval que chegou a ter Igreja paroquial no séc. XIV. Depois da Quinta Cimeira acompanhe o fértil Vale da Ribeira das Olas pela estrada municipal, por entre encostas floridas de giestas (na Primavera), lameiros com rebanhos e cerros graníticos, dos quais se destaca à direita a Penha da Águia, em cujo sopé passa a linha do caminho de ferro. Das Olas continue para as Inguias, no cruzamento da estrada de Inguias para Bendada vire à direita logo em frente surge o pequeno morro onde se encontra a pequena ermida de N.ª Sr.ª da Estrela, onde foi encontrado recentemente um altar romano (ara) dedicado a Júpiter, e em cujas imediações já foram identificadas cinco estações arqueológicas romanas. A romaria de N.ª Sr.ª da Estrela realiza-se aqui anualmente em finais de Agosto.
De Inguias dirija-se para Sul, em direcção à EN 18-3, onde deverá voltar à direita para Caria, uma vila nobre e antiga do concelho de Belmonte. No cimo da vila situa-se a Casa da Torre, antiga residência de Verão dos Bispos da Guarda, mandada construir em 1322. Logo ao lado visite a Igreja Matriz da Imaculada Conceição, barroca, dos inícios do séc. XVIII, com um notável altar de talha dourada, finamente elaborada, com tecto de caixotões com trinta e dois retábulos pintados. Veja ainda o núcleo do casario junto ao solar setecentista dos Quevedo Pessanha, mais abaixo encontrará o Solar dos Condes de Caria, este do séc. XIX.
Duração: 1 dia. Distância Total: 25 Kms.
Na terra de Pedro Álvares Cabral
Um passeio a pé ao longo do centro histórico de Belmonte, de mão dada com os monumentos que viram crescer este famoso navegador.
Quinhentos anos após a descoberta do Brasil admire a estátua de Pedro Álvares Cabral situada no Largo António José de Almeida, a 100 metros dos Paços do Concelho. Suba a pé pela Rua 1º de Maio até à belíssima Praça da República, destacando-se o edifício da antiga Câmara, com a torre do relógio e onde se localiza o Posto de Turismo, o pelourinho quatrocentista e, em redor, um notável conjunto de casas onde pode comprar o artesanato local e da Serra da Estrela. Continuando para o Largo Afonso Costa, volte à esquerda e suba a Rua do Castelo. Visite o castelo que é formado pela Torre de Menagem, vestígios da antiga alcaidaría (Paço dos Cabrais) e um moderno anfiteatro ao ar livre, rodeado por imponentes muralhas. Não deixe de subir à janela Manuelina, verdadeira jóia granítica, de onde poderá contemplar a Serra da Estrela em toda a sua extensão. À saída do Castelo, em frente, observe as capelas de Santo António (séc. XVI) e do Calvário (séc. XIX) e, à direita, a cruz de madeira de Pau Santo do Brasil (réplica da que foi mandada levantar por Cabral na 1ª missa celebrada no Brasil), oferecida nos anos 50 pelo presidente brasileiro Kubichek de Oliveira.
Também à direita, a Igreja de S. Tiago, românica, vale a pena ser visitada, aí encontrará na capela mor, diferentes camadas residuais de frescos sobrepostos, que terão sido elaborados nos sécs. XVI, XVII e XVIII. O altar lateral, também conhecido por capela de N.ª Sr.ª da Piedade, constitui uma preciosa peça gótica com capitéis finamente trabalhados, e onde se guarda o túmulo de Maria Gil Cabral, fundadora da capela nos finais do séc. XIV, e ainda uma raríssima Pietá de granito policromado. Não deixe de visitar o Panteão dos Cabrais, onde se encontra um túmulo com alguns restos mortais de Pedro Álvares Cabral, para além de outros da mesma família. Deixando este templo, à direita, repare na torre sineira que compõe todo este conjunto religioso. Depois de percorrer a Rua da Judiaria e visitar a nova Sinagoga, regresse ao terreiro do castelo, onde todos os anos se acende o tradicional madeiro. Desça novamente a Rua do Castelo e siga pela Rua 25 de Abril em direcção à Igreja da Sagrada Família, em cujo altar lateral se encontra a famosa imagem de N. Sr.ª da Esperança que segundo a tradição terá acompanhado Álvares Cabral ao Brasil.
história
Após o regresso de Vasco da Gama, D. Manuel enviou à Índia uma nova armada, mais numerosa e militarmente mais forte. Foram enviados treze navios, com tripulantes e homens de guerra num total de milhar e meio. Segundo se supunha, eram capazes de estabelecer directrizes comerciais e políticas que Vasco da Gama, com a sua modesta frota, não conseguira estabelecer. Por carta régia de 15 de Fevereiro de 1500, nomeou-se então para comandar esta poderosa armada Pedro Álvares Cabral, fidalgo da corte, filho de Fernão Cabral e de Isabel de Gouveia, que terá nascido entre 1467-1468, em Belmonte.
Criado como membro da nobreza portuguesa, Pedro Álvares Cabral foi enviado à corte do rei D. Afonso V em 1479, quando tinha cerca de 12 anos.
Foi educado em humanidades e treinado para lutar e pegar em armas . Tinha cerca de 17 anos, quando foi nomeado moço fidalgo (um título de menor importância normalmente concedido a jovens nobres) pelo rei D. João II.
Os registros das suas ações antes de 1500 são incompletas. O rei D. Manuel I, que tinha ascendido ao trono dois anos antes, concedeu-lhe um subsídio anual no valor de 30 mil reais em 12 de abril de 1497. Na mesma época, recebeu o título de fidalgo do Conselho do Rei e nomeado Cavaleiro da Ordem de Cristo. Não há nenhuma imagem ou descrição física detalhada de Cabral contemporâneas à sua época.
Sabe-se que era forte e era igual ao pai em altura (1,90 metros) . O caráter de Cabral terá sido descrito como culto, cortês, prudente, generoso, tolerante com os inimigos, humilde,mas também vaidoso e muito preocupado com o respeito que sentia que sua nobreza e posição exigiam.
Com cerca de trinta e três anos de idade teve como missão comandar a mais poderosa armada portuguesa do século XV, procurando estabelecer relações politicas, diplomáticas e comerciais com o Samorim de Calecute, impondo a força se necessário, e retornar com o máximo de mercadorias possíveis. Assim, a armada saiu de Portugal no dia 09 de Março de 1500, chegando ao Continente Americano, mais precisamente ao Brasil, em 22 de Abril de 1500.
Nesta data as caravelas chegaram ao litoral sul do atual estado da Bahia, onde avistaram um monte ao qual batizaram de Monte Pascoal, poque chegaram na altura da Páscoa.
Ao chegarem aqui, mantiveram contato com os nativos e escreveram ao Rei D.Manuel contando a respeito de todas as riquezas naturais que encontraram, e se estabeleceram aqui com uma colonia de exploração.
O desembarque aconteceu no dia 23 de Abril, 45 dias após a partida de Portugal. Dois dias depois, em 26 de abril, é rezada a primeira missa no território.
No dia 1º de maio, Pedro Álvares Cabral oficializa a posse das terras brasileiras pela Coroa Portuguesa com a celebração da segunda missa diante de uma cruz marcada com o brasão real.
Edificio do século XVIII. Destinava-se ao armazenamento das rendas da família Cabral. Actualmente, encontra-se aqui instalado o Ecomuseu do Zêzere, uma estrutura que aborda o rio Zêzere numa perspectiva do seu património natural e cultural, privilegiando os aspectos ligados à fauna, flora, uso do solo e povoamento.
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